O vazio que há em mim...
sábado, 11 de dezembro de 2010
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Não tenho ambições nem desejos. - Fernando Pessoa
Não tenho ambições nem desejos.
ser poeta não é uma ambição minha.
É a minha maneira de estar sózinho.
.
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
...
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem sabe o que é amar...
...
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer,
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
...
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Fernando Pessoa
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
domingo, 3 de outubro de 2010
Olhando o mar, sonho sem ter de quê
Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?
Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.
As árvores longínquas da floresta
Parecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!
Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.
Se tive amores? Já não sei se os tive.
Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.
Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o haver?
Fernando Pessoa
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
terça-feira, 17 de agosto de 2010
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Com a tua letra - Fernando de Assis Pacheco
Porque eu amo-te, quer dizer, estou atento
às coisas regulares e irregulares do mundo.
Ou também: eu envio o amor
sob a forma de muitos olhos e ouvidos
a explorar, a conhecer o mundo.
Porque eu amo-te, isto é, eu dou cabo
da escuridão do mundo.
Porque tudo se escreve com a tua letra.
Fernando de Assis Pacheco
(1937 - 1998)
domingo, 23 de maio de 2010
Alentejo
( Foto retirada da net)
Outro é o tempo
outra a medida.
Tão grande a página
tão curta a escrita.
Entre o achigã e a perdiz
entre o chaparro e o choupo
tanto país
e tão pouco.
In: " Alentejo e Ninguém" de Manuel Alegre
sábado, 15 de maio de 2010
domingo, 9 de maio de 2010
sábado, 8 de maio de 2010
Quando o Homem Beijou a Lua...
profundamente, depois de ter passado várias noites agitada por estranhos pesadelos.
Quando acordava, não conseguia recordar-se deles, mas sentia o desconforto que os
sonhos maus costumam deixar-nos no corpo, na memória e até à flor da pele.
Quando o Homem pisou o seu solo áspero e poeirento, a Lua sentiu que qualquer
coisa rara e importante estava a acontecer, pois, desde sempre, o Homem pousara nela
os seus olhos curiosos e brilhantes sem descobrir a maneira de chegar tão longe e tão
alto, talvez para a beijar ou para a abraçar.
Durante milhares de anos, houvera entre ambos uma espécie de longo namoro à
distância, sem troca de cartas nem de promessas de amor eterno. O Homem, porém,
nunca deixou de lhe dedicar belos poemas, para que a Lua jamais pudesse imaginar
que caíra no seu esquecimento.
Por sua vez, mesmo nas noites mais escuras e enevoadas, a Lua procurou sempre
enviar-lhe as suas centelhas de luz, como se quisesse dizer-lhe:
– Sabes onde estou e sabes também que podes contar comigo."
(texto com supressões)
terça-feira, 27 de abril de 2010
domingo, 25 de abril de 2010
Já Foste Rico e Forte e Soberano
Já foste rico e forte e soberano,
Já deste leis a mundos e nações,
Heróico Portugal, que o gram Camões
Cantou, como o não pôde um ser humano!
Zombando do furor do mar insano,
Os teus nautas, em fracos galeões,
Descobriram longínquas regiões,
Perdidas na amplidão do vasto oceano.
Hoje vejo-te triste e abatido,
E quem sabe se choras, ou então,
Relembras com saudade o tempo ido?
Mas a queda fatal não temas, não.
Porque o teu povo, outrora tão temido,
Ainda tem ardor no coração.
Saúl Dias, in "Dispersos (Primeiros Poemas)"
quinta-feira, 22 de abril de 2010
A Boca - Eugénio de Andrade
A boca,
onde o fogo
de um verão
muito antigo cintila,
a boca espera
(que pode uma boca esperar senão outra boca?)
espera o ardor do vento
para ser ave e cantar.
Levar-te à boca,
beber a água mais funda do teu ser
se a luz é tanta,
como se pode morrer?
Eugénio de Andrade
quinta-feira, 15 de abril de 2010
En hiver la terre pleure
Le soleil froid, pâle et doux,
Vient tard, et part de bonne heure,
Ennuyé du rendez-vous.
Leurs idylles sont moroses.
- Soleil ! aimons ! - Essayons.
O terre, où donc sont tes roses ?
- Astre, où donc sont tes rayons ?
Il prend un prétexte, grêle,
Vent, nuage noir ou blanc,
Et dit : - C'est la nuit, ma belle ! -
Et la fait en s'en allant ;
Comme un amant qui retire
Chaque jour son coeur du noeud,
Et, ne sachant plus que dire,
S'en va le plus tôt qu'il peut.
Victor HUGO (1802-1885)
terça-feira, 13 de abril de 2010
Ne Me Quitte Pas - Jacques Brel
Ne me quitte pas
Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit déjà
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perdu
À savoir comment
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
À coups de pourquoi
Le coeur du bonheure
Ne me quitte pas
Moi je t'offrirai
Des perles de pluie
Venues de pays
Où il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu'après ma mort
Pour couvrir ton corps
D'or et de lumière
Je ferai un domaine
Où l'amour sera roi
Où l'amour sera loi
Où tu seras reine
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Je t'inventerai
Des mots insensés
Que tu comprendras
Je te parlerai
De ces amants là
Qui ont vu deux fois
Leurs coeurs s'embrasser
Je te raconterai
L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas
Pu te rencontrer
Ne me quitte pas
On a vu souvent
Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux
Il est paraît-il
Des terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir
Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir
Ne s'épousent-ils pas
Ne me quite pas
Ne me quite pas
Je ne veux plus pleurer
Je ne veux plus parler
Je me cacherai là
À te regarder
Danser et sourire
Et à t'écouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas
Jacques Brel
Jacques Brel
sábado, 10 de abril de 2010
terça-feira, 6 de abril de 2010
Vida
"O que viveu mais não é aquele que viveu até uma idade avançada, mas aquele que mais sentiu na vida."
[Jean-Jacques Rousseau]
sexta-feira, 2 de abril de 2010
O Meu Condão - Florbela Espanca
Quis Deus dar-me o condão de ser sensível
Como o diamante à luz que o alumia,
Dar-me uma alma fantástica, impossível:
- Um bailado de cor e fantasia!
Quis Deus fazer de ti a ambrosia
Desta paixão estranha, ardente, incrível!
Erguer em mim o facho inextinguível,
Como um cinzel vincando uma agonia!
Quis Deus fazer-me tua... para nada!
- Vãos, os meus braços de crucificada,
Inúteis, esses beijos que te dei!
Anda! Caminha! Aonde?... Mas por onde?...
Se a um gesto dos teus a sombra esconde
O caminho de estrelas que tracei...
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
quarta-feira, 31 de março de 2010
Coração Polar - Manuel Alegre
Não sei de que cor são os navios
quando naufragam no meio dos teus braços
sei que há um corpo nunca encontrado algures no mar
e que esse corpo vivo é o teu corpo imaterial
a tua promessa nos mastros de todos os veleiros
a ilha perfumada das tuas pernas
o teu ventre de conchas e corais
a gruta onde me esperas
com teus lábios de espuma e de salsugem
os teus naufrágios
e a grande equação do vento e da viagem
onde o acaso floresce com seus espelhos
seus indícios de rosa e descoberta.
Não sei de que cor é essa linha
onde se cruza a lua e a mastreação
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha .
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és.
Manuel Alegre (n. 1936)
in Poemas de Amor
sábado, 27 de março de 2010
Pergunta-me
Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue
Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos
Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer
Mia Couto
quinta-feira, 25 de março de 2010
A Chegada do Poema
É uma inesperada ideia, que irrompe do nada!
Um sopro,
Um acenar na bruma,
Um balancear de folha,
Um afagar de brisa,
Uma tremura de água,
Um trejeito de ombro,
Um sussurrar de anca,
Um barquinho no olhar...
Não sei explicar!
Batem à porta!
Quem é?!
Vou abrir.
É o poema
Que entra a sorrir...
Eduardo Aleixo
In: " As palavras são de água"
blog: À Beira de Água - http://ealeixo.blogspot.com/
domingo, 21 de março de 2010
Dia da Poesia
Tarde no mar
A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,
Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá segue o seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino!
Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...
E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São as asas do sol, agonizantes...
Florbela Espanca
sexta-feira, 19 de março de 2010
Ter um Pai - Florbela Espanca
"Ter um Pai! É ter na vida
Uma luz por entre escolhos;
É ter dois olhos no mundo
Que vêem pelos nossos olhos!
Ter um Pai! Um coração
Que apenas amor encerra,
É ver Deus, no mundo vil,
É ter os céus cá na terra!
Ter um Pai! Nunca se perde
Aquela santa afeição,
Sempre a mesma, quer o filho
Seja um santo ou um ladrão;
Talvez maior, sendo infame
O filho que é desprezado
Pelo mundo; pois um Pai
Perdoa ao mais desgraçado!
Ter um Pai! Um santo orgulho
Pró coração que lhe quer
Um orgulho que não cabe
Num coração de mulher!
Embora ele seja imenso
Vogando pelo ideal,
O coração que me deste
Ó Pai bondoso é leal!
Ter um Pai! Doce poema
Dum sonho bendito e santo
Nestas letras pequeninas,
Astros dum céu todo encanto!
Ter um Pai! Os órfãozinhos
Não conhecem este amor!
Por mo fazer conhecer,
Bendito seja o Senhor!"
Florbela Espanca
sábado, 13 de março de 2010
O Beijo Mata o Desejo
MOTE
«Não te beijo e tenho ensejo
Para um beijo te roubar;
O beijo mata o desejo
GLOSAS
Porque te amo de verdade,
'stou louco por dar-te um beijo,
Mas contra a tua vontade
Não te beijo e tenho ensejo.
Sabendo que deves ter
Milhões deles p'ra me dar,
Teria que enlouquecer
Para um beijo te roubar.
E como em teus lábios puros,
Guardas tudo quanto almejo,
Doutros desejos futuros
O beijo mata o desejo.
Roubando um, mil te daria;
O que não posso é jurar
Que não te aborreceria,
E eu quero-te desejar!
António Aleixo, in "Este Livro que Vos Deixo..."
quinta-feira, 4 de março de 2010
domingo, 21 de fevereiro de 2010
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Amar!
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Quero
Quero fazer amor contigo agora
em ti eu preciso me envolver
para aplacar este meu querer
sinto urgência pela demora
vem ficar aqui a meu lado
neste leito onde estou deitado
vem até mim, este que te adora
Quero-te perto de mim e beijar-te
perfumar-me com o teu suave odor
sentir nos lábios o teu doce sabor
ver o teu corpo como obra de arte
escrever em ti todos os meus poemas
livrar-me destes funestos dilemas
e da infelicidade, poder libertar-te
Quero sentir o corpo que me cativa
acariciá-lo até à extrema exaustão
sentir em ti a premente combustão
que suavizarei com a minha saliva
quero adivinhar em ti a fervura
levar-te-ei sem tréguas à loucura
é essa condição que me motiva
Quero, o teu corpo, poder sentir
neste meu corpo pleno de desejo
em teu regaço depositar um beijo
e se me deixares, poder repetir
quero fazer em ti todas as delicias
inundar-te com minhas carícias
e voltar a ver o teu rosto sorrir
Quero beijar-te de pólo a pólo
vou amimar esse corpo inteiro
serei o teu amante, o teu parceiro
juntos poderemos perder o controlo
não daremos conta dos segundos
estaremos ausentes noutros mundos
do universo seremos núcleo, miolo
Quero que te envolvas em mim
sentir-te aninhada no meu peito
dar-te o prazer a que tens direito
e deixar-te perpetuamente assim
fazer amor contigo ao sabor do vento
prolongar no tempo esse momento
esperando que ele não chegue ao fim
Quero sentir de ti, todo o calor
poder envolver-me em teus braços
superar todos os receios, embaraços
sem o estorvo de tabus, sem pudor
quero entrar em ti com delicadeza
desfrutar esse momento de beleza
quero, contigo, poder fazer amor
Quero ouvir da tua boca um gemido
ver acelerar o ritmo da tua respiração
sentir na pele a nossa transpiração
fruto desse acto, por ambos consentido
só assim concebo haver algum nexo
em unir os nossos corpos pelo sexo
e sentir o prazer por ambos merecido
Quero sentir em ti todo o prazer
que sentem dois corpos unidos
perder, por ti, todos os sentidos
e o momento não poder descrever
quero o teu corpo de lés a lés
ondular em ti ao sabor das marés
e quando acabar, voltar a fazer
Quero fazer amor contigo, mulher
chamar-te amor, doce, querida
voltar outra vez ao ponto de partida
é a ti que este meu corpo quer
ter-te em meus braços é urgente
digo aquilo que me vai na mente
e sempre direi o que ela quiser
Quero sussurrar nos teus ouvidos
e levar-te quase à inconsciência
conseguir ver-te em transparência
quando estiveres a perder os sentidos
salvar-te da insanidade por um triz
deixar no teu rosto um sorriso feliz
ao libertarmos os nossos fluidos
Quero-te a meu lado, na minha cama
nestes lençóis quero a tua nudez
poder amar-te uma e outra vez
pois, por ti meu corpo reclama
espero por ti, envolto em ansiedade
quero dar-te pedaços de felicidade
é por ti que este poema chama
Emanuel Lomelino In: " Amador do Verso"
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Sorriso
“O sorriso é uma chave
Que abre portas e janelas.
Entre muitas coisas mágicas
O sorriso é uma delas.
O sorriso é simpatia
Também pode ser amor.
O sorriso tem magia
Tem ternura e calor.
O sorriso dá carinho
O sorriso faz amigos.
Constrói tu, no teu caminho
Uma ponte de sorrisos.”
De Rosa Lobato de Faria.
domingo, 24 de janeiro de 2010
Ser Poeta
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Il pleure dans mon coeur
Il pleure dans mon coeur
Comme il pleut sur la ville ;
Quelle est cette langueur
Qui pénètre mon coeur ?
Ô bruit doux de la pluie
Par terre et sur les toits !
Pour un coeur qui s'ennuie,
Ô le chant de la pluie !
Il pleure sans raison
Dans ce coeur qui s'écoeure.
Quoi ! nulle trahison ?...
Ce deuil est sans raison.
C'est bien la pire peine
De ne savoir pourquoi
Sans amour et sans haine
Mon coeur a tant de peine !
Paul VERLAINE
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Rappelle-toi Barbara
Rappelle-toi Barbara
Il pleuvait sans cesse sur Brest ce jour-là
Et tu marchais souriante
Épanouie ravie ruisselante
Sous la pluie
Rappelle-toi Barbara
Il pleuvait sans cesse sur Brest
Et je t'ai croisée rue de Siam
Tu souriais
Et moi je souriais de même
Rappelle-toi Barbara
Toi que je ne connaissais pas
Toi qui ne me connaissais pas
Rappelle-toi
Rappelle-toi quand même ce jour-là
N'oublie pas
Un homme sous un porche s'abritait
Et il a crié ton nom
Barbara
Et tu as couru vers lui sous la pluie
Ruisselante ravie épanouie
Et tu t'es jetée dans ses bras
Rappelle-toi cela Barbara
Et ne m'en veux pas si je te tutoie
Je dis tu à tous ceux que j'aime
Même si je ne les ai vus qu'une seule fois
Je dis tu à tous ceux qui s'aiment
Même si je ne les connais pas
Rappelle-toi Barbara
N'oublie pas
Cette pluie sur la mer
Sur ton visage heureux
Sur cette ville heureuse
Cette pluie sur la mer
Sur l'arsenal
Sur le bateau d'Ouessant
Oh Barbara
Quelle connerie la guerre
Qu'es-tu devenue maintenant
Sous cette pluie de fer
De feu d'acier de sang
Et celui qui te serrait dans ses bras
Amoureusement
Est-il mort disparu ou bien encore vivant
Oh Barbara
Il pleut sans cesse sur Brest
Comme il pleuvait avant
Mais ce n'est plus pareil et tout est abîmé
C'est une pluie de deuil terrible et désolée
Ce n'est même plus l'orage
De fer d'acier de sang
Tout simplement des nuages
Qui crèvent comme des chiens
Des chiens qui disparaissent
Au fil de l'eau sur Brest
Et vont pourrir au loin
Au loin très loin de Brest
Dont il ne reste rien
Jacques Prèvert
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Hag a nevez
Há um elo que nos une
Hag a nevez um do outro
Há um rumo que nos conduz
Há palavras e frases
Que em ordem se colocam
Que de nós um pouco mostram
Diferentes mas com semelhanças
Isso é verdade.
Mostramos a ilusão e a realidade
Cada um com o seu jeito
Cada um com o seu improviso
Mostramos orgulhosos o nosso feito
Comentamos com sorriso
Soltamos rasgos de alegria
Escrevemos o que os corações cantam
Seja amor ou rejeição…
Descrevemos sentimentos
Exageramos ou talvez não
Apreciamos outras escritas
Será júbilo ou mania?
Mas…assim é feita a nossa poesia.
Nota: Hag a nevez – Expressão Bretã que significa “ novidades”.
In: " Ler-te" de Helena Isabel
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Kenavo (2009)
Constantes são os desafios que me lanças
fazes-me dar o máximo de mim cada dia
somos diferentes mas com semelhanças
une-nos este gosto especial pela poesia
já te escrevi muitos poemas de improviso
coisas sem sentido que surgem do nada
alguns até te podem provocar um sorriso
ou até quem sabe uma sonora gargalhada
escrevo-te por gostar dos teus poemas
bem mais mágicos do que estes meus
que não passam de um poético "LASTEZ"
conhecendo-te digo que não há dilemas
também sei usar termos que são teus
despeço-me perguntando "HAG A NEVEZ?"
Emanuel Lomelino
domingo, 3 de janeiro de 2010
Caminante no hay camino
Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre el mar.
Nunca persequí la gloria,
ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción;
yo amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles,
como pompas de jabón.
Me gusta verlos pintarse
de sol y grana, volar
bajo el cielo azul, temblar
súbitamente y quebrarse...
Nunca perseguí la gloria.
Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar...
Hace algún tiempo en ese lugar
donde hoy los bosques se visten de espinos
se oyó la voz de un poeta gritar
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."
Golpe a golpe, verso a verso...
Murió el poeta lejos del hogar.
Le cubre el polvo de un país vecino.
Al alejarse le vieron llorar.
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."
Golpe a golpe, verso a verso...
Cuando el jilguero no puede cantar.
Cuando el poeta es un peregrino,
cuando de nada nos sirve rezar.
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."
Golpe a golpe, verso a verso.
Antonio Machado
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre el mar.
Nunca persequí la gloria,
ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción;
yo amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles,
como pompas de jabón.
Me gusta verlos pintarse
de sol y grana, volar
bajo el cielo azul, temblar
súbitamente y quebrarse...
Nunca perseguí la gloria.
Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar...
Hace algún tiempo en ese lugar
donde hoy los bosques se visten de espinos
se oyó la voz de un poeta gritar
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."
Golpe a golpe, verso a verso...
Murió el poeta lejos del hogar.
Le cubre el polvo de un país vecino.
Al alejarse le vieron llorar.
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."
Golpe a golpe, verso a verso...
Cuando el jilguero no puede cantar.
Cuando el poeta es un peregrino,
cuando de nada nos sirve rezar.
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."
Golpe a golpe, verso a verso.
Antonio Machado
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Ler-te de Emanuel Lomelino (amadordoverso)
Ler-te (2009)
Adivinha o que sabe este amigo!
O que está em fase embrionária
E eu logo irei ter aqui comigo?
Vou ler essa tua alma visionária
Vou poder "Ler-te" tal qual tu és
Nem só o texto tem uma mensagem
No mar há muito mais que marés
Há também quem faça ancoragem
Por agora apenas posso especular
Nada mais sei e isso é verdade
Porque sei que me vais perguntar
Investigar é a minha especialidade
Não me foi muito difícil descobrir
Só precisei estar um pouco alerta
Por antecipação já me estou a rir
Por pasmares da minha descoberta
Sou um bom detective, de primeira
Sigo todas as pistas, faço deduções
E provoco-te com esta brincadeira
Ao jeito dos verdadeiros foliões
Por ser gabarolas te estou a dizer
Que "Ler-te" vai ser fenomenal
Mais tarde ou mais cedo ias saber
Ter a certeza que sou especial
Eis mais um motivo de admiração
A simpatia aqui sempre existiu
Pergunto: Quem é que tem razão?
Fala mais alto, aqui não se ouviu
Emanuel Lomelino
( amadordoverso)
Adivinha o que sabe este amigo!
O que está em fase embrionária
E eu logo irei ter aqui comigo?
Vou ler essa tua alma visionária
Vou poder "Ler-te" tal qual tu és
Nem só o texto tem uma mensagem
No mar há muito mais que marés
Há também quem faça ancoragem
Por agora apenas posso especular
Nada mais sei e isso é verdade
Porque sei que me vais perguntar
Investigar é a minha especialidade
Não me foi muito difícil descobrir
Só precisei estar um pouco alerta
Por antecipação já me estou a rir
Por pasmares da minha descoberta
Sou um bom detective, de primeira
Sigo todas as pistas, faço deduções
E provoco-te com esta brincadeira
Ao jeito dos verdadeiros foliões
Por ser gabarolas te estou a dizer
Que "Ler-te" vai ser fenomenal
Mais tarde ou mais cedo ias saber
Ter a certeza que sou especial
Eis mais um motivo de admiração
A simpatia aqui sempre existiu
Pergunto: Quem é que tem razão?
Fala mais alto, aqui não se ouviu
Emanuel Lomelino
( amadordoverso)
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