domingo, 24 de janeiro de 2010

Ser Poeta




                                                     Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
                                                     Do que os homens! Morder como quem beija!
                                                     É ser mendigo e dar como quem seja
                                                     Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!


                                                    É ter de mil desejos o esplendor
                                                    E não saber sequer que se deseja!
                                                    É ter cá dentro um astro que flameja,
                                                    É ter garras e asas de condor!


                                                   É ter fome, é ter sede de Infinito!
                                                   Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
                                                   É condensar o mundo num só grito!


                                                   E é amar-te, assim, perdidamente...
                                                   É seres alma, e sangue, e vida em mim
                                                   E dizê-lo cantando a toda a gente!


                                                                              Florbela Espanca

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Il pleure dans mon coeur






Il pleure dans mon coeur

Comme il pleut sur la ville ;

Quelle est cette langueur

Qui pénètre mon coeur ?



Ô bruit doux de la pluie

Par terre et sur les toits !

Pour un coeur qui s'ennuie,

Ô le chant de la pluie !



Il pleure sans raison

Dans ce coeur qui s'écoeure.

Quoi ! nulle trahison ?...

Ce deuil est sans raison.



C'est bien la pire peine

De ne savoir pourquoi

Sans amour et sans haine

Mon coeur a tant de peine !



                                                                       Paul VERLAINE

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Rappelle-toi Barbara





Rappelle-toi Barbara


Il pleuvait sans cesse sur Brest ce jour-là

Et tu marchais souriante

Épanouie ravie ruisselante

Sous la pluie

Rappelle-toi Barbara

Il pleuvait sans cesse sur Brest

Et je t'ai croisée rue de Siam

Tu souriais

Et moi je souriais de même

Rappelle-toi Barbara

Toi que je ne connaissais pas

Toi qui ne me connaissais pas

Rappelle-toi

Rappelle-toi quand même ce jour-là

N'oublie pas



Un homme sous un porche s'abritait

Et il a crié ton nom

Barbara

Et tu as couru vers lui sous la pluie

Ruisselante ravie épanouie

Et tu t'es jetée dans ses bras

Rappelle-toi cela Barbara

Et ne m'en veux pas si je te tutoie

Je dis tu à tous ceux que j'aime

Même si je ne les ai vus qu'une seule fois

Je dis tu à tous ceux qui s'aiment

Même si je ne les connais pas



Rappelle-toi Barbara

N'oublie pas

Cette pluie sur la mer

Sur ton visage heureux

Sur cette ville heureuse

Cette pluie sur la mer

Sur l'arsenal

Sur le bateau d'Ouessant

Oh Barbara

Quelle connerie la guerre

Qu'es-tu devenue maintenant

Sous cette pluie de fer

De feu d'acier de sang

Et celui qui te serrait dans ses bras

Amoureusement

Est-il mort disparu ou bien encore vivant

Oh Barbara



Il pleut sans cesse sur Brest

Comme il pleuvait avant

Mais ce n'est plus pareil et tout est abîmé

C'est une pluie de deuil terrible et désolée

Ce n'est même plus l'orage

De fer d'acier de sang

Tout simplement des nuages

Qui crèvent comme des chiens

Des chiens qui disparaissent

Au fil de l'eau sur Brest

Et vont pourrir au loin

Au loin très loin de Brest

Dont il ne reste rien


Jacques Prèvert

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Hag a nevez

Há um elo que nos une

Hag a nevez um do outro

Há um rumo que nos conduz

Há palavras e frases

Que em ordem se colocam

Que de nós um pouco mostram

Diferentes mas com semelhanças

Isso é verdade.

Mostramos a ilusão e a realidade

Cada um com o seu jeito

Cada um com o seu improviso

Mostramos orgulhosos o nosso feito

Comentamos com sorriso

Soltamos rasgos de alegria

Escrevemos o que os corações cantam

Seja amor ou rejeição…

Descrevemos sentimentos

Exageramos ou talvez não

Apreciamos outras escritas

Será júbilo ou mania?

Mas…assim é feita a nossa poesia.
 
 
 
Nota: Hag a nevez – Expressão Bretã que significa “ novidades”.
 
 
 
In: " Ler-te" de Helena Isabel

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Kenavo (2009)

Constantes são os desafios que me lanças
fazes-me dar o máximo de mim cada dia
somos diferentes mas com semelhanças
une-nos este gosto especial pela poesia

já te escrevi muitos poemas de improviso
coisas sem sentido que surgem do nada
alguns até te podem provocar um sorriso
ou até quem sabe uma sonora gargalhada

escrevo-te por gostar dos teus poemas
bem mais mágicos do que estes meus
que não passam de um poético "LASTEZ"

conhecendo-te digo que não há dilemas
também sei usar termos que são teus
despeço-me perguntando "HAG A NEVEZ?"


Emanuel Lomelino

domingo, 3 de janeiro de 2010

Caminante no hay camino

Todo pasa y todo queda,


pero lo nuestro es pasar,

pasar haciendo caminos,

caminos sobre el mar.


Nunca persequí la gloria,

ni dejar en la memoria

de los hombres mi canción;

yo amo los mundos sutiles,

ingrávidos y gentiles,

como pompas de jabón.


Me gusta verlos pintarse

de sol y grana, volar

bajo el cielo azul, temblar

súbitamente y quebrarse...


Nunca perseguí la gloria.


Caminante, son tus huellas

el camino y nada más;

caminante, no hay camino,

se hace camino al andar.

Al andar se hace camino

y al volver la vista atrás

se ve la senda que nunca

se ha de volver a pisar.

Caminante no hay camino

sino estelas en la mar...

Hace algún tiempo en ese lugar

donde hoy los bosques se visten de espinos

se oyó la voz de un poeta gritar

"Caminante no hay camino,

se hace camino al andar..."

Golpe a golpe, verso a verso...

Murió el poeta lejos del hogar.

Le cubre el polvo de un país vecino.

Al alejarse le vieron llorar.

"Caminante no hay camino,

se hace camino al andar..."

Golpe a golpe, verso a verso...


Cuando el jilguero no puede cantar.

Cuando el poeta es un peregrino,

cuando de nada nos sirve rezar.

"Caminante no hay camino,

se hace camino al andar..."


Golpe a golpe, verso a verso.

 
Antonio Machado

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Ler-te de Emanuel Lomelino (amadordoverso)

Ler-te (2009)

Adivinha o que sabe este amigo!
O que está em fase embrionária
E eu logo irei ter aqui comigo?
Vou ler essa tua alma visionária

Vou poder "Ler-te" tal qual tu és
Nem só o texto tem uma mensagem
No mar há muito mais que marés
Há também quem faça ancoragem

Por agora apenas posso especular
Nada mais sei e isso é verdade
Porque sei que me vais perguntar
Investigar é a minha especialidade

Não me foi muito difícil descobrir
Só precisei estar um pouco alerta
Por antecipação já me estou a rir
Por pasmares da minha descoberta


Sou um bom detective, de primeira
Sigo todas as pistas, faço deduções
E provoco-te com esta brincadeira
Ao jeito dos verdadeiros foliões


Por ser gabarolas te estou a dizer
Que "Ler-te" vai ser fenomenal
Mais tarde ou mais cedo ias saber
Ter a certeza que sou especial

Eis mais um motivo de admiração
A simpatia aqui sempre existiu
Pergunto: Quem é que tem razão?
Fala mais alto, aqui não se ouviu


Emanuel Lomelino
( amadordoverso)