profundamente, depois de ter passado várias noites agitada por estranhos pesadelos.
Quando acordava, não conseguia recordar-se deles, mas sentia o desconforto que os
sonhos maus costumam deixar-nos no corpo, na memória e até à flor da pele.
Quando o Homem pisou o seu solo áspero e poeirento, a Lua sentiu que qualquer
coisa rara e importante estava a acontecer, pois, desde sempre, o Homem pousara nela
os seus olhos curiosos e brilhantes sem descobrir a maneira de chegar tão longe e tão
alto, talvez para a beijar ou para a abraçar.
Durante milhares de anos, houvera entre ambos uma espécie de longo namoro à
distância, sem troca de cartas nem de promessas de amor eterno. O Homem, porém,
nunca deixou de lhe dedicar belos poemas, para que a Lua jamais pudesse imaginar
que caíra no seu esquecimento.
Por sua vez, mesmo nas noites mais escuras e enevoadas, a Lua procurou sempre
enviar-lhe as suas centelhas de luz, como se quisesse dizer-lhe:
– Sabes onde estou e sabes também que podes contar comigo."
(texto com supressões)
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