quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Boca - Eugénio de Andrade




A boca,
onde o fogo

de um verão

muito antigo cintila,

a boca espera

(que pode uma boca esperar senão outra boca?)

espera o ardor do vento

para ser ave e cantar.



Levar-te à boca,

beber a água mais funda do teu ser

se a luz é tanta,

como se pode morrer?
 
 
Eugénio de Andrade

1 comentário:

  1. é um poema lindo de bocas e de sedes de sedes de bocas com sedes de fontes de palavras frescas como se saissem das bocas das manhãs mais puras...

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